Lotes irregulares são vendidos por R$ 3 mil em Santa Maria

Há mais de 40 dias, um grupo ocupou uma área, demarcou lotes e construiu nove casas às margens de um córrego que desemboca no Arroio Cadena. A área fica na Rua Olga Diel Cherichevisk, na esquina com a Rua Venâncio Aires, no Bairro Passo D'Areia. Na última semana, a prefeitura notificou 12 pessoas e estabeleceu um prazo de 72 horas para elas deixarem o local, porém três pessoas resistiram, até ontem, permaneciam assentadas. A propriedade é particular e é considerada uma Área de Preservação Permanente (APP) por estar localizada na margem de uma sanga.

As casas pequenas de madeira têm placas na frente com os nomes dos "donos". Em uma delas, uma instalação irregular de energia elétrica foi feita. A moradora, que não quis ser identificada, admitiu que a área é invadida e que fez um "gato" para ter luz. Ela mora com o marido e o filho e usa água dos vizinhos.

— Eles mandaram a gente sair em três dias, mas eu falei que só saía com uma ordem judicial. Estou inscrita para ganhar uma casa há mais de um ano, mas até agora não recebi — afirma.

De acordo com um vizinho, Osmar Pereira Júnior, 71 anos, os moradores estão no local desde 3 de abril. Ele garante que a maioria das casas nunca foi habitada.

— Eles construíram as casas para guardar a área e vender os terrenos — salienta.

Segundo a secretária de Habitação e Regularização Fundiária, Magali Marques da Rocha, a prefeitura registrou uma ocorrência policial e solicitou a retirada judicial das pessoas. Conforme Magali, os moradores estariam oferecendo os lotes por R$ 3 mil.

— Algumas pessoas vieram à prefeitura perguntar se podiam comprar o lote e assim que descobrimos a invasão. Quem está ocupando aquela área já ocupou outros terrenos na cidade. São sempre os mesmos. Nenhum está inscrito nos programas habitacionais do município — assegura a secretária.